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Conceito de morte humana

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Qual é o conceito de morte humana?

Morte, óbito1, falecimento ou passamento são termos usados para definir o processo irreversível de cessação das atividades biológicas essenciais à manutenção da vida em um organismo, incluindo o ser humano. O termo "morte" geralmente refere-se ao organismo como um todo; processos semelhantes ocorridos em partes específicas de um organismo, como células2 ou tecidos isolados, são chamados de necrose3.

Por exemplo, diz-se que uma flor morreu quando ela seca e desaparece completamente, mas não dizemos o mesmo se apenas uma folha murcha. Objetos ou entidades não consideradas organismos vivos, como vírus4, também não "morrem" propriamente, mesmo que sejam destruídos.

O conceito de morte é fundamental para a compreensão humana da cessação da vida e passou por intensos debates e transformações ao longo do tempo. A discussão sobre quando exatamente começam a vida e a morte tem abordagens científicas, filosóficas, éticas e religiosas, sem que exista um consenso absoluto sobre o tema. Atualmente, com o avanço das tecnologias médicas que prolongam a vida e os diversos critérios existentes, definir a morte de maneira unificada tornou-se ainda mais complexo.

Como evento pontual, a morte indica o momento em que termina a vida. Determinar esse exato momento pode ser difícil, já que a interrupção das funções vitais frequentemente ocorre em tempos diferentes nos vários sistemas orgânicos.

No contexto da vida humana, considera-se a morte como o processo em que um indivíduo perde sua existência enquanto pessoa. Historicamente, definir o momento exato da morte foi algo impreciso e subjetivo. Atualmente, os médicos utilizam principalmente o conceito de morte cerebral5, caracterizada pela cessação completa e irreversível da atividade elétrica cerebral. Contudo, apesar de amplamente aceita, essa definição não está livre de controvérsias e debates.

Leia também sobre "Morte fetal" , "Doação de órgãos" e "Cuidados paliativos6".

Que tipos de morte existem?

Todas as pessoas têm consciência da própria mortalidade7, mas desconhecem quando, como ou por que morrerão. A morte pode ocorrer repentinamente ou após um longo período de deterioração física. A morte súbita refere-se ao óbito1 inesperado, ocorrendo pouco tempo após o início dos sintomas8 ou até mesmo sem sinais9 claros prévios. Frequentemente está associada a problemas cardíacos, como arritmias10 graves ou infarto do miocárdio11, mas também pode ser causada por outros fatores abruptos e inesperados.

A morte por causas naturais decorre de processos internos do organismo, sem influência direta de eventos externos, como acidentes, violência ou intoxicações, sendo geralmente associada a doenças crônicas, infarto12, câncer13 ou envelhecimento.

A morte acidental ocorre como resultado de eventos inesperados e involuntários, tais como acidentes de trânsito, quedas, afogamentos, incêndios e intoxicações, diferenciando-se claramente de mortes intencionais.

O homicídio refere-se ao ato pelo qual uma pessoa tira a vida de outra, podendo ser intencional (doloso) ou causado por negligência14, imprudência15 ou imperícia16 (culposo). Por fim, o suicídio é o ato deliberado de tirar a própria vida, sendo um fenômeno complexo associado a múltiplos fatores, como transtornos mentais, sofrimento emocional intenso, isolamento social e experiências traumáticas ou estressantes.

E depois da morte?

A resposta a essa pergunta varia amplamente conforme as crenças pessoais, tradições culturais e perspectivas científicas, filosóficas ou religiosas. Trata-se de uma questão profundamente individual, ligada à percepção que cada pessoa tem sobre a existência.

A ciência considera a morte o fim definitivo das funções biológicas e da atividade cerebral; segundo essa visão17, a consciência cessa completamente com o fim das funções corporais, sem evidências empíricas de continuidade após a morte.

Em contrapartida, várias religiões ensinam que a morte é apenas uma transição para outra forma de existência. Por exemplo, no cristianismo, acredita-se que a alma possa ir para o Céu, Inferno ou Purgatório. O hinduísmo e o budismo falam sobre reencarnação, na qual a alma retorna em outro corpo, continuando sua trajetória evolutiva.

Filósofos também refletiram ao longo da história sobre a morte, sugerindo que, embora a consciência individual possa cessar, a essência ou legado de alguém pode persistir na memória coletiva, na cultura ou como energia dispersa no universo.

Os rituais funerários em diversas culturas

Os rituais funerários são extremamente variados ao redor do mundo, refletindo crenças religiosas, valores culturais e visões sobre vida e morte. Em países da Europa e das Américas, os funerais frequentemente envolvem cerimônias religiosas seguidas de enterro ou cremação, com ênfase na celebração da vida e conforto emocional dos enlutados.

Na tradição hindu, o ritual chamado "antyesti" inclui a cremação, enfatizando a liberação da alma e sua transição para o renascimento. Cerimônias budistas costumam incluir meditação, cânticos e ensinamentos sobre a impermanência da vida. Na China e em outras culturas asiáticas, são comuns rituais com incensos, oferendas e práticas destinadas a auxiliar o espírito em sua passagem para o outro mundo.

Em muitas sociedades africanas, os funerais são celebrações coletivas que incluem música, dança e extensos períodos de luto, com o objetivo de honrar o falecido e fortalecer a comunidade. Outro exemplo emblemático é o Dia dos Mortos no México e em outros países da América Latina e Oriente, onde a morte é encarada como parte natural do ciclo da vida, sendo comemorada com altares, comidas especiais e visitas festivas aos cemitérios.

Independentemente das diferenças culturais, os rituais funerários desempenham uma função semelhante: ajudar os vivos a lidar com a perda, fornecer apoio emocional mútuo e reforçar os laços sociais da comunidade diante da inevitabilidade da morte.

Veja sobre "O luto e suas fases", "Luto normal e patológico" e "Morte - reações e significações".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Encyclopedia Britannica

ABCMED, 2025. Conceito de morte humana. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1483115/conceito-de-morte-humana.htm>. Acesso em: 23 abr. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
2 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
3 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
4 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
5 Morte cerebral: Um dos conceitos aceitos para MORTE CEREBRAL é o de que “O indivíduo que apresenta cessação irreversível das funções cardíaca e respiratória OU cessação irreversível de TODAS as funções de TODO o encéfalo, incluindo o tronco cerebral, está morto”. Esta definição estabeleceu a sinonímia entre MORTE ENCEFÁLICA e MORTE DO INDIVÍDUO. A nomenclatura MORTE ENCEFÁLICA tem sido preferida ao termo MORTE CEREBRAL, uma vez que para o diagnóstico clínico, existe necessidade de cessação das atividades do córtex e necessariamente, do tronco cerebral. Havendo qualquer sinal de persistência de atividade do tronco encefálico, não existe MORTE ENCEFÁLICA, portanto, o indivíduo não pode ser considerado morto. Como exemplos desta situação, podemos citar os anencéfalos, o estado vegetativo persistente e os casos avançados da Doença de Alzheimer. Ainda existem vários pontos de discussão sobre o conceito de MORTE CEREBRAL.
6 Paliativos: 1. Que ou o que tem a qualidade de acalmar, de abrandar temporariamente um mal (diz-se de medicamento ou tratamento); anódino. 2. Que serve para atenuar um mal ou protelar uma crise (diz-se de meio, iniciativa etc.).
7 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
10 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
11 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
12 Infarto: Morte de um tecido por irrigação sangüínea insuficiente. O exemplo mais conhecido é o infarto do miocárdio, no qual se produz a obstrução das artérias coronárias com conseqüente lesão irreversível do músculo cardíaco.
13 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
14 Negligência: Falta de cuidado; incúria. Falta de apuro, de atenção; desleixo, desmazelo. Falta de interesse, de motivação; indiferença, preguiça. Inobservância e descuido na execução de ato.
15 Imprudência: Inobservância das precauções necessárias. É uma das causas de imputação de culpa previstas na lei.
16 Imperícia: Falta de perícia (de competência, de experiência, de habilidade). É a falta de habilidade ou experiência reputada necessária para a realização de certas atividades e cuja ausência, por parte do agente, o faz responsável pelos danos ou ilícitos penais advenientes.
17 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
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