Paracentese: o que é? Por que fazer? Quem deve fazer? Quem não deve fazer? Como é feita?
O que é paracentese1?
Paracentese1 é um procedimento médico que consiste na retirada de líquido de uma cavidade do corpo por meio da punção com agulha. O termo é mais usado em relação à retirada do líquido que pode se acumular na cavidade abdominal2 em certas condições mórbidas, o que normalmente se chamada de ascite3 ou “barriga d’água”.
O que é ascite3?
A ascite3, popularmente conhecida como “barriga d’água”, é o acúmulo de líquidos na cavidade abdominal2, às vezes em grandes quantidades (alguns litros). Esse líquido pode conter sangue4, plasma sanguíneo5, linfa6, bile7, suco pancreático8, urina9 ou outras substâncias, na dependência da sua causa. Geralmente a ascite3 é uma complicação grave de doenças hepáticas10 e quase sempre está acompanhada de outras patologias, igualmente graves, como varizes11 esofágicas e encefalopatias12, por exemplo. A única solução definitiva para a ascite3 é o controle ou eliminação da doença de base que a esteja causando, mas muitas vezes uma paracentese1 pode tornar-se necessária para alívio dos sintomas13 ou para ajudar a estabelecer a natureza da enfermidade causal.
Por que fazer uma paracentese1?
O médico pode decidir-se por uma paracentese1 com o objetivo de obter uma amostra de líquido para análise (paracentese1 diagnóstica) ou para extrair o excesso do mesmo (paracentese1 evacuadora) e conseguir um alívio sintomático14, diminuindo a sensação incômoda, restaurando o apetite e melhorando a função gastrointestinal, entre outras coisas.
Como se processa a paracentese1?
Na maioria dos casos a paracentese1 é rápida e simples e o paciente pode sentir uma sensação de picada por ocasião da anestesia15 e uma sensação de pressão quando uma agulha for inserida em seu abdômen para drenar o líquido acumulado. Como preparativos, o paciente deverá estar em jejum há pelo menos doze horas e deve esvaziar sua bexiga16 imediatamente antes do exame. A paracentese1 deve ser realizada preferentemente em ambiente hospitalar, mas em certos casos o procedimento é tão simples e rápido que pode ser realizado em ambulatório. Muitas vezes ela é realizada em paciente já hospitalizado em razão da enfermidade causal. Previamente, o paciente deve informar ao médico se é portador de alguma alergia17, se tem problemas de sangramento ou se há suspeita de gravidez18, condições que contraindicam o procedimento ou requerem cuidados especiais.
A paracentese1 deve ser precedida por um minucioso exame físico e por uma ecografia19 abdominal que confirmem a presença de líquido dentro da cavidade abdominal2. O paciente deve então ser colocado numa maca, em decúbito dorsal20 (“de barriga para cima”) e um campo cirúrgico fenestrado (com uma janela ou buraco) deve ser colocado sobre seu abdômen, delimitando a área a ser puncionada. O médico e o pessoal auxiliar adotarão as medidas rotineiras de assepsia21. Em seguida, uma região da pele22 abaixo do umbigo23 deve ser lavada com uma solução antisséptica e nela deve ser aplicado um anestésico local. Uma agulha ligada a uma seringa24 deve ser introduzida, mediante a orientação de uma tomografia ou de uma ultrassonografia25, até atingir o líquido acumulado o qual, então, deve ser lentamente aspirado em pequena quantidade, se para exame, ou em quantidade maior, se para alívio dos sintomas13. Depois de posicionada a agulha deve-se evitar movê-la, para não danificar vísceras abdominais internas. Quando se tratar de grande quantidade de líquido pode-se captá-lo num recipiente apropriado durante certo tempo, por gotejamento através de um tubo adaptado à agulha.
As áreas de cicatrizes26 abdominais devem ser evitadas, pois as vísceras subjacentes podem estar aderidas a elas. Se a doença causal ainda não for conhecida, uma pequena amostra desse líquido pode ser separada e colocada num tubo, para ser analisada em laboratório. No caso de uma paracentese1 apenas diagnóstica, o tempo gasto para obter o material é de cinco a vinte minutos. As paracenteses evacuadoras duram um tempo maior, na dependência da quantidade de líquido a ser extraído.
E depois da paracentese1?
Após o término, deve-se aplicar uma leve pressão sobre o local puncionado, como tentativa para evitar que continue saindo líquido. Caso a drenagem27 persista, o paciente deve permanecer em repouso na cama, até que a saída de líquidos cesse completamente.
Os sinais vitais28 do paciente devem continuar sendo monitorados pelo menos durante as três horas seguintes, sobretudo quando houver uma retirada muito grande de líquido.
Quem deve ser submetido à paracentese1?
A paracentese1 está indicada para pessoas que sofram patologias que tenham acumulado líquidos em grandes quantidades na cavidade abdominal2 (ascite3), como costuma acontecer quando se verifica uma perfuração do estômago29 ou do intestino, uma doença hepática30, um câncer31 abdominal, uma rotura do baço32 ou qualquer outra situação que implique em hipertensão33 da veia porta34, que coleta o sangue4 da cavidade abdominal2 e o conduz ao fígado35.
Quem não deve ser submetido à paracentese1?
Pacientes com abdômen agudo36, distúrbios da coagulação37 sanguínea, distensão abdominal acentuada e infecções38 de pele22 no local da punção não devem ser submetidos à paracentese1 abdominal.
Quais são as complicações possíveis da paracentese1?
Se o paciente tiver cicatrizes26 ou aderências abdominais, elas podem reter o líquido numa determinada parte do abdômen, tornando difícil a sua retirada.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.