Gostou do artigo? Compartilhe!

Escala de Alberta para avaliação do desenvolvimento motor infantil

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é a Escala de Alberta?

A Escala de Alberta, conhecida em inglês como Alberta Infant Motor Scale (AIMS), é uma ferramenta de avaliação motora utilizada para bebês1 de zero a dezoito meses. Desenvolvida para identificar atrasos motores e auxiliar na avaliação do desenvolvimento motor infantil, a escala recebeu esse nome por ter sido criada na Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá, em 1994. O desenvolvimento da escala foi conduzido por uma equipe de profissionais de saúde2 composta por Martha Piper, Johanna Darrah, Nancy Bayley e Sydney Piper. Atualmente, a AIMS é amplamente utilizada em diversos países.

Quando e por que utilizar a Escala de Alberta?

A análise do desenvolvimento motor nesse momento de vida - incluindo movimentos espontâneos, controle postural e alterações do tônus muscular3 - permite a identificação de atrasos ou distúrbios motores e possibilita a implementação de intervenções precoces, prevenindo problemas estruturais ou funcionais futuros.

É recomendável que pediatras monitorem rotineiramente o desenvolvimento motor infantil por meio de exames periódicos. A Escala de Alberta é uma ferramenta valiosa nesse contexto e pode ser aplicada a todos os bebês1 menores de 18 meses para identificar atrasos ou alterações no desenvolvimento motor. Seu uso é indicado para:

  • Bebês1 com desenvolvimento motor típico, mesmo sem preocupações médicas.
  • Bebês1 sem fatores de risco específicos, mas com suspeita de atraso no desenvolvimento motor.
  • Bebês1 com risco aumentado de atraso motor devido a complicações genéticas, pré-natais, perinatais, neonatais, pós-natais ou ambientais.
  • Bebês1 com diagnósticos específicos que impactam o desenvolvimento motor.

Entretanto, a Escala de Alberta não é recomendada para bebês1 que utilizam movimentos compensatórios para suprir limitações funcionais, como aqueles com paralisia4 cerebral, espinha bífida5, hipotonia6 ou espasticidade7 muscular. Nesses casos, os avanços no desenvolvimento motor podem não ser adequadamente refletidos na escala.

Leia sobre "Atrasos do desenvolvimento", "Crescimento infantil8", "Quando uma criança começa a falar" e "Como evolui a linguagem da criança".

Como é a estrutura da Escala de Alberta?

A versão mais comumente utilizada da Escala de Alberta é composta por 21 itens, divididos em quatro categorias, conforme a posição do bebê:

A. Posição de bruços (prono)

  • Levanta a cabeça9 na posição prona.
  • Levanta a cabeça9 e o tronco superior.
  • Suporta o peso nos antebraços.
  • Suporta o peso nas mãos10.
  • Realiza rolamento de prono para supino.

B. Posição de costas11 (supino)

  • Movimenta braços e pernas de forma simétrica.
  • Alcança e agarra objetos.
  • Demonstra controle da cabeça9 na posição supina.
  • Realiza rolamento de supino para prono.

C. Posição sentada

  • Senta com suporte.
  • Senta sem apoio, com o tronco inclinado para frente.
  • Senta sem apoio, com o tronco ereto12.
  • Mantém a postura sentado sem apoio e sem inclinação.

D. Posição em pé

  • Suporta peso nas pernas com auxílio.
  • Fica de pé com ajuda das mãos10.
  • Puxa-se para a posição em pé utilizando apoio.
  • Fica de pé sem apoio.
  • Caminha lateralmente segurando em móveis.
  • Caminha com apoio.
  • Fica de pé sem apoio por alguns segundos.
  • Caminha sem apoio.

Uma versão mais completa, utilizada em situações específicas, inclui 58 itens, distribuídos nas quatro categorias da seguinte maneira:

  • Prono: 21 itens
  • Supino: 9 itens
  • Sentado: 12 itens
  • Em pé: 16 itens

Como aplicar a Escala de Alberta?

A aplicação da escala baseia-se na observação do comportamento espontâneo do bebê nas diferentes posições. O examinador deve avaliar:

  1. A superfície corporal que sustenta o peso
  2. A postura do bebê
  3. Os movimentos antigravitacionais

A avaliação é realizada em uma série de sessões e cada item da escala é marcado como presente ou ausente, permitindo comparar o desenvolvimento motor do bebê com padrões esperados para sua idade.

Como deve ser o procedimento de avaliação?

Preparação:

O bebê deve ser posicionado sobre uma superfície plana e firme em um ambiente calmo, confortável e bem iluminado. O ideal é que esteja sem roupas, para facilitar a observação dos movimentos. O aplicador deve ter à disposição o formulário da escala e caneta.

Observação:

O avaliador registra as habilidades motoras do bebê, analisando critérios como controle de cabeça9, rotação do tronco e padrões de movimento dos membros. Para cada item, há critérios específicos de pontuação que são registrados conforme o desempenho observado.

Interpretação dos resultados:

Após a conclusão da avaliação, as pontuações são somadas para gerar uma pontuação total. A pontuação é comparada aos padrões normativos de desenvolvimento motor para a faixa etária do bebê. Com base nos resultados, o médico fornece feedback aos pais ou responsáveis e recomenda intervenções quando necessário.

Veja sobre "Fisioterapia13 neurofuncional" e "Reabilitação funcional".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e do Governo de Alberta - Canadá.

ABCMED, 2025. Escala de Alberta para avaliação do desenvolvimento motor infantil. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1482630/escala-de-alberta-para-avaliacao-do-desenvolvimento-motor-infantil.htm>. Acesso em: 23 abr. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
4 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
5 Espinha bífida: Também conhecida como mielomeningocele, a espinha bífida trata-se de um problema congênito. Ela é caracterizada pela má formação no tubo neural do feto, a qual ocorre nas três primeiras semanas de gravidez, quando a mulher ainda não sabe que está grávida. Esta malformação pode comprometer as funções de locomoção, controle urinário e intestinal, dentre outras.
6 Hipotonia: 1. Em biologia, é a condição da solução que apresenta menor concentração de solutos do que outra. 2. Em fisiologia, é a redução ou perda do tono muscular ou a redução da tensão em qualquer parte do corpo (por exemplo, no globo ocular, nas artérias, etc.)
7 Espasticidade: Hipertonia exagerada dos músculos esqueléticos com rigidez e hiperreflexia osteotendinosa.
8 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
9 Cabeça:
10 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
11 Costas:
12 Ereto: 1. Que se mantém erguido, levantado; erecto. 2. Que se encontra em equilíbrio ou aprumado. 3. Que endureceu, que se tornou túrgido.
13 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br:

Daniela Vinhas Bertolini

Pediatra

São Paulo/SP

Rosângela Santos

Pediatra

Teresópolis/RJ

Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.