Azotemia e suas características
O que é azotemia?
A azotemia (grego: azoto = nitrogênio + hemia = sangue1) não é uma doença em si mesma e nem sempre é sintoma2 de uma doença, mas muitas vezes é sinal3 de desidratação4 ou um efeito colateral5 de medicamentos ou de uma dieta rica em proteínas6.
Ela é uma alteração bioquímica caracterizada pela elevação sanguínea dos compostos nitrogenados, como ureia7, creatinina8, ácido úrico e proteínas6 no sangue1, devido a causas pré-renais, renais ou pós-renais.
Quais são as causas da azotemia?
A azotemia pode ser resultado de qualquer condição que interfira na circulação9 sanguínea para os rins10. Geralmente ela surge no contexto de uma filtração glomerular insuficiente e pode ter causas (1) pré-renais, (2) renais e (3) pós-renais.
As causas pré-renais devem-se a situações que diminuem o volume sanguíneo, interferindo na chegada de sangue1 aos rins10. Por exemplo: insuficiência cardíaca11, desidratação4 aguda, hipovolemia12, deficiência de vitamina13 A, hemorragia14, dieta rica em proteínas6 e aumento da concentração de cortisol devido a alguma doença de base.
A azotemia renal15 é causada por falha no processo de excreção das substâncias nitrogenadas pelos rins10, levando ao aumento da concentração delas no plasma16. Normalmente acontece devido a infecções17 renais, insuficiência renal18, necrose19 tubular ou glomerulonefrite20.
A forma pós-renal15 é marcada pelo aumento desproporcional da ureia7 em relação à creatinina8 devido a alterações do fluxo urinário ou obstrução das vias excretoras, podendo ser causada por cálculo21 renal15 ou tumor22 no sistema urinário23, por exemplo.
Leia sobre "Avaliação da função renal15", "Depuração da creatinina8" e "Oligúria24".
Qual é o substrato fisiopatológico da azotemia?
A presença de ureia7 e creatinina8 no sangue1 é normal, no entanto, quando há qualquer alteração nos rins10 ou que interfira na circulação9 sanguínea, a concentração dessas substâncias pode aumentar de modo a serem tóxicas para o organismo, podendo resultar em danos definitivos aos rins10.
A azotemia pré-renal15 envolve um decréscimo da circulação9 sistêmica que chega ao rim25, diminuindo a filtração de urina26 e estimulando a retenção de água e sais minerais, para manter os níveis da pressão arterial27. O decréscimo da pressão arterial27, por seu turno, leva o hipotálamo28 a secretar em maior quantidade o hormônio29 antidiurético, o que favorece aquelas retenções.
A azotemia renal15 refere-se à elevação nos níveis das substâncias nitrogenadas no sangue1, devido a algum dano renal15.
A azotemia pós renal15 diz respeito ao aumento das substâncias nitrogenadas resultante de alguma obstrução do sistema coletor, o que acaba por prejudicar a filtração normal da urina26. A obstrução unilateral raramente causa azotemia, que é mais frequente nos casos (raros) de obstrução bilateral. Após 12 semanas de obstrução completa do sistema coletor de urina26 são causados danos irreversíveis ao sistema de filtração renal15.
Quais são as características clínicas da azotemia?
As substâncias nitrogenadas acumuladas no sangue1 podem interferir na taxa de filtração glomerular e, em consequência, levar a danos progressivos e definitivos aos rins10. A azotemia pode apresentar alguns sintomas30 como diminuição do volume total de urina26, pele31 pálida, sede, boca32 seca, pulso rápido, cansaço excessivo, tremor, falta de apetite, coceira e dor abdominal.
Além desses sintomas30, pode haver ainda dificuldade de concentração e atenção, confusão mental e alteração na cor da urina26.
A frequência de azotemia é maior em pessoas com idade entre 45 e 65 anos. Deve-se registrar que, embora a azotemia frequentemente seja um sinal3 de doença renal15, pode haver também doença renal15, às vezes significativa, sem que ocorra azotemia.
Como o médico diagnostica a azotemia?
O diagnóstico33 da azotemia é feito principalmente por meio da dosagem de ureia7 e creatinina8 no sangue1. Também devem ser verificados os níveis de proteínas6 totais e ácido úrico no sangue1, além da realização de exame da urina26 de 24 horas, que permite avaliar a função dos rins10.
Recursos de imagens como ultrassonografia34 e radiografias podem ser usados para visualizar o sistema excretor35 renal15 e identificar problemas específicos. Pacientes diagnosticados com azotemia devem considerar o risco aumentado de danos aos rins10.
Como o médico trata a azotemia?
O tratamento imediato da azotemia visa corrigir o desbalanço da filtração renal15 e determinar rapidamente a sua causa para evitar danos aos rins10. Fluidos intravenosos devem ser logo administrados para aumentar o volume de sangue1 circulante. Várias medicações ou medidas específicas devem ser usadas para tratar as causas particulares dessa condição. Em seguida, deve-se cuidar de normalizar a pressão arterial27, geralmente baixa, e fortalecer a bomba cardíaca para impulsionar o sangue1 com maior vigor.
Pode ser recomendada uma dieta específica, de modo a favorecer a função renal15 e a prevenir danos aos rins10. É aconselhável reduzir o consumo de carboidratos, aumentar a ingestão de vegetais e fibras e evitar o excesso de potássio e magnésio. Todas essas medidas visam normalizar a função renal15.
Veja também sobre "Perda de proteína na urina26", "Urina26 avermelhada ou amarronzada pela manhã", "Sangue1 na urina26" e "Diálise peritoneal36".
Como evolui a azotemia?
Quase sempre os pacientes com problemas pré-renais ou pós-renais se recuperam inteiramente, fazendo os tratamentos adequados. No entanto, se não tratadas a tempo, essas condições podem levar à insuficiência renal18 aguda.
Os pacientes que tenham azotemia em virtude de problemas renais podem ter uma evolução mais complicada e virem a necessitar de hemodiálise37 permanente.
A cirurgia pode ser necessária se houver bloqueio que não for resolvido com medicamentos.
Como prevenir a azotemia?
Algumas maneiras de prevenir a azotemia podem ser:
- Manter uma alimentação equilibrada e restringir a ingestão de proteínas6, que podem aumentar os níveis de ureia7 no sangue1.
- Manter uma boa hidratação.
- Manter um controle adequado sobre qualquer doença renal15.
- Evitar o consumo excessivo de álcool e medicamentos prejudiciais aos rins10.
Quais são as complicações possíveis com a azotemia?
As complicações mais temidas da azotemia incluem a falência renal15 aguda e a necrose19 tubular aguda, o que significa morte do tecido38 renal15, as quais podem, por outro lado, ser a causa da azotemia.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Mount Sinai Hospital – NY e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.
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