O que é respirar normalmente?
O sistema respiratório1: esboço de anatomia
O sistema respiratório1 humano é constituído por um par de pulmões2 que ficam alojados na cavidade torácica e por vários órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora deles.
Para fins compreensivos, com algumas repercussões fisiológicas3, costuma-se dividir o sistema respiratório1 em três seções:
- Trato respiratório superior, que é constituído pelo nariz4 e cavidades nasais, seios paranasais5 e faringe6.
- Trato respiratório medial, compreendido pelas chamadas vias aéreas, que incluem a laringe7, a traqueia8 e os brônquios9.
- Trato respiratório inferior, constituído pelos bronquíolos10, ductos alveolares e sacos alveolares (alvéolos11), já localizados no interior dos pulmões2.
Funções do sistema respiratório1
A principal função do sistema respiratório1 é realizar a troca gasosa, mediante a qual o organismo absorve o oxigênio (O2) do ar e elimina o gás carbônico (CO2) produzido pelos tecidos. Os alvéolos11 são o local onde as trocas gasosas se processam. Cada pulmão12 apresenta cerca de 200 milhões deles, que são estruturas muito pequenas, em forma de minúsculos sacos agrupados como cachos de uva. De um lado, em cada inspiração13, os alvéolos11 se enchem do ar que chega até eles através dos bronquíolos10, e de outro lado, são cercados por capilares14 sanguíneos que trazem o sangue15 portador de CO2 oriundo dos tecidos periféricos. Entre ambas as estruturas há uma membrana muito fina que permite que a troca gasosa se realize.
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Fisiologia17 da respiração
Basicamente, a respiração consiste em promover a entrada (inspiração13) e saída (expiração18) de ar nos pulmões2. Isso acontece a partir de estímulos e comandos emitidos pelo sistema nervoso central19 e da ação dos músculos intercostais20 (músculos21 entre as costelas22) e do diafragma23 (músculo que separa o tórax24 do abdômen). A cavidade torácica e os próprios pulmões2 são extensíveis e quando se dilatam, seguindo a contração desses músculos21, diminuem a pressão no seu interior, tornando-a menor que a pressão atmosférica ambiente. Assim dilatada e com a pressão interna diminuída, a cavidade torácica e os pulmões2 “sugam” o ar atmosférico que penetra até os alvéolos11, conduzido pela árvore respiratória. Normalmente, esse ar inspirado contém cerca de 20% de O2 e apenas 0,04% de CO2.
Ao contrário, quando os músculos respiratórios25 voltam a seu estado normal de relaxamento, a cavidade torácica e os pulmões2 se tornam diminuídos de tamanho, aumentam a pressão interna e “expulsam” o ar contido nelas, o qual contém 16% de O2 e 4,6 % de CO2.
Esses movimentos respiratórios se sucedem regularmente, constituindo os ciclos respiratórios, comandados pelo centro respiratório26 localizado no bulbo27 raquidiano da medula espinhal28, o qual é retroativamente controlado pelas concentrações de CO2 presente no sangue15.
Ao respirar, é praticamente impossível eliminar as impurezas contidas no ar e a inspiração13 delas, inclusive de microrganismos, se torna inevitável. Para evitar problemas de saúde29, o sistema respiratório1 apresenta mecanismos de defesa que, por sua vez, são realizados a partir da atuação dos diferentes órgãos. Por exemplo, no interior das cavidades nasais, existem pelos que atuam como filtros de ar, retendo impurezas e germes, garantindo que o ar chegue limpo aos pulmões2, e na traqueia8 o ar é aquecido, umidificado e novamente filtrado. Mesmo assim, algumas impurezas e microrganismos podem chegar até os pulmões2, causando doenças.
A importância da respiração e eventuais doenças respiratórias possíveis
Respirar é essencial para a vida. A respiração correta, além de seus efeitos diretos, gera uma série de outros benefícios para o organismo, por exemplo, produz pressões no ventre que atuam de forma eficiente e direta, melhorando a digestão30. Também contribui para eliminar as toxinas31 que se formam no corpo, modificando os resíduos, equilibrando as funções orgânicas e ajudando no fortalecimento de organismos debilitados.
Estudos relatam que tornar a respiração mais lenta e profunda ajuda a acalmar e relaxar o organismo, diminuindo as batidas do coração32. Quase todas os programas de concentração e relaxamento ensinam técnicas de controle da respiração. Além disso, a respiração correta ajuda a melhorar a elasticidade33 dos pulmões2, mantendo um bom equilíbrio entre os gases no corpo.
As principais doenças que podem acometer o sistema respiratório1 são a asma16, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a bronquite, o enfisema34 pulmonar, o câncer35, a fibrose cística36, a pneumonia37 e o derrame38 pleural.
- A asma16 brônquica é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que se manifesta como crises de falta de ar devidas a um edema39 da mucosa40 brônquica, que resulta na contração dos brônquios9 e bronquíolos10, motivando diminuição de seu diâmetro e consequente redução ou obstrução total do fluxo de ar.
- A DPOC não é uma doença única, mas uma condição crônica e progressiva que acomete os pulmões2 e destrói e/ou danifica os alvéolos11. Ela faz com que o ar fique retido nos pulmões2 e reduz a quantidade de capilares14 nas paredes dos alvéolos11, o que prejudica as trocas gasosas.
- As bronquites são uma inflamação41 dos bronquíolos10 que conduzem o ar da traqueia8 aos alvéolos pulmonares42. Essa inflamação41 pode ser causada por uma infecção43 ou por fatores irritativos, tóxicos ou alergênicos.
- O enfisema34 pulmonar é uma forma de DPOC, que se caracteriza pela dilatação dos alvéolos pulmonares42 e por diminuir a troca O2/CO2. É uma doença que se desenvolve em razão da inalação de substâncias tóxicas do ar, sobremaneira, o tabaco.
- O câncer35 de pulmão12 é um tumor44 caracterizado pela proliferação descontrolada de células45 do tecido46 pulmonar. A maioria dos tumores do pulmão12 são carcinomas derivados de células45 epiteliais. O câncer35 pulmonar originário é raro em não fumantes e a maioria dos comprometimentos pulmonares nesse caso é de tumores metastáticos.
- A fibrose cística36 (ou mucoviscidose47) é uma doença hereditária que causa espessamento e aumento da viscosidade48 das secreções de algumas glândulas49, afetando principalmente os pulmões2, levando ao mau funcionamento progressivo do órgão e frequentemente à morte.
- Pneumonia37 é toda inflamação41 aguda nos pulmões2. Na maioria das vezes, essa doença é causada por infecções50 por vírus51 ou bactérias e mesmo por fungos e por substâncias químicas. As principais estruturas envolvidas na pneumonia37 são os alvéolos11, que podem ficar cheios de pus52, prejudicando a respiração.
- O derrame38 pleural acontece quando se acumula um excesso de líquido entre as folhas pleurais, gerando o que é popularmente conhecido como “água no pulmão”. É sempre uma situação potencialmente grave, indicando certo grau de perigo.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da ResMed, do Royal College of Nursing e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.